MARUJADA. UM RIO DE VERMELHO E BRANCO EM BRAGANÇA

Calculadamente mais de sessenta mil pessoas  participaram da procissão em homenagem a São Benedito, "O Santo Preto", festejado na Cidade de Bragança, região do Caeté paraense. Uma tradição que ultrapassa mais de dois séculos conta com parceria ilustre: a Marujada. Dias e noites, homens e mulheres, Marujos e Marujas envolvem-se em uma festa onde danças e cantos andam juntos numa harmonia brilhante em que o Vermelho, o Branco e o azul são cores predominantes, sem esquecer que o chapéu e a fita transversal nas marujas e sobre o chapéu dos marujos complementa esse sincronismo de fantasia, fé, religiosidade e tradição. Durante mais de duas semanas, ruas salões, casas e principalmente Igrejas, ficam completamente lotados de marujos e marujas, de todas as idade, reverenciando o Santo devoto São Benedito. (A. Ferreira)

MAS REALMENTE O QUE É A MARUJADA DE BRAGANÇA

Vê-se a explicação dada por quem entende do assunto: Elza Lima.

"...Trata-se de um auto dramatizado, onde predomina o canto sobre a dança. Há uma origem comum entre a Marujada de Bragança e a Irmandade de São Benedito. Quando os senhores brancos atenderam ao pedido de seus escravos para a organização de uma Irmandade, foi realizada a primeira festa em louvor a São Benedito. Em sinal de reconhecimento, os negros foram dançar de casa em casa para agradecer a seus benfeitores.

A Marujada é constituída quase exclusivamente por mulheres, cabendo a estas a direção e a organização. Os homens são tocadores ou simplesmente acompanhantes. Não há número limitado de marujas, nem tão poucos há papéis a desempenhar. Nem uma só palavra é articulada, falada ou cantada como auto ou como argumentação. Não há dramatização de qualquer feito marítimo.

A Marujada de Bragança é estritamente caracterizada pela dança, cujo motivo musical único é o retumbão.

A organização e a disciplina são exercidas por uma "capitoa" e por uma "sub-capitoa". É a "capitoa" quem escolhe a sua substituta, nomeando a "sub-capitoa", que somente assumirá o bastão de direção por morte ou renúncia daquela..."

                                                                                                      

                                                                                                                 Elza Lima - SECULT/FCPTN